Não sei quanto a você, mas eu faço parte da gama de pessoas introvertidas. Do tipo que sempre preferiu se isolar e evitava mostrar meus trabalhos. A vergonha e/ou timidez reinavam sobre mim. Meu universo girava em torno de uma prancheta, papel, lápis e fones de ouvido. Como isso mudou? Será que mudou?
Fato é que hoje em dia é tudo mais fácil, as crianças nascem operando smartphones. Nesse ritmo, no pré-natal não vai mais ser definido se é menino ou menina, e sim se é Samsung ou I Phone. Com isso, essa geração de artistas de hoje tem uma afinidade melhor com a exposição, creio eu, porém quem é da geração anterior entende quando digo que “na minha época era diferente”.
Uma coisa era mostrar os desenhos feitos no caderno na classe, outra totalmente diferente era mostrar pro “mundo lá de fora”. Na verdade eu desenhava na classe com o propósito de ser notado, mas a partir do momento em que era notado, uma sombra de timidez tomava conta. E começavam os questionamentos internos – Será que sou bom mesmo? E se me pedirem pra desenhar algo que não consigo?
Outra confissão que tenho que fazer é que não venci esse drama na escola, saí do ensino médio com uma pilha de desenhos prometidos, que nunca foram pro papel. Agora voltando pro foco do artigo que é a timidez e a vergonha, hoje percebo que no fundo é tudo uma grande bobagem, que eu deveria ter mostrado tudo e pra todo mundo. Pra isso que a arte existe, pra ser difundida. Produzir arte é a base, claro, mas de que adianta produzir e esconder debaixo da bunda? Ainda mais com tantas vias que dispomos hoje para publicação.
E essa preocupação com a qualidade do que produzimos precisa ser superada. Uma vez li que é melhor produzirmos e divulgarmos pequenas coisas (artes) ruins ao longo da vida e aprendermos com isso do que passar a vida inteira produzindo uma grande merda, que no fim não servirá nem de aprendizado.
Por isso amigos e amigas, vamos produzir e difundir arte pelo mundo. Se serão boas ou ruins, vai depender mais do expectador do que de nós mesmos. Eu, por exemplo, confesso que não entendo Pablo Picasso, mas e daí? O cara é um mestre e pronto!
Até qualquer hora e forte abraço.